sexta-feira, 20 de agosto de 2010

REFÚGIO DOS SONHOS!

Pela janela aberta,
O brilho da lua
Penetra no chão...
Começa meu drama!
Interminável noite.
Vozes dançam no escuro,
Tomam espaço na solidão!
Sombras giram em volta de mim,
De olhos abertos, resurjo do sonho,
Beijo teu corpo... Desejo sem fim!
Tonta, sem rumo,
Não mais sei quem sou,
Sigo a luz na hora da entrega,
Respiro no ar o cheiro do amor...
Acordo com gosto de beijo e pecado,
Pela janela o brilho da rua...
Desperta o dia,
O sonho termina!
Fecho a janela, procuro você...
Na cama vazia!


Rosario Cavalcante
VOZES DA ALMA!

Sussurra o vento,
Tonto lamento...
Grita na alma a solidão!
Vozes do espírito que atraem
Ondas de silêncio,
E se esvaem em gotas de emoção!
Paixão perdida....
Fantasia que embriaga,
talvez corra em tuas veias traição,
E eu que ingênua pensei...
Ter finalmente encontrado
A cor do amor em teu coração!
Agora chega...cansei,
Caminhando só... irei em paz...
Levo de você guardada a lembrança,
Que um dia vivi a esperança...
de ser feliz apenas...nada mais!
Tal qual Arco Iris do destino...
Depois da tempestade em desatino,
Seguirei o sol...
Sem olhar prá trás!

Rosário Cavalcante
EU SEM VOCÊ!

O mar estava ali...
Bem junto a mim
Me senti pequena
Na imensidão sem fim!
Mergulhei no azul,
Puro desejo...
Aplaudi a vida,
Primavera viva,
E na longa espera...
Me vi sem você,
E você sem mim!
Sozinha pisei na areia,
Passos inseguros,
Olhos molhados de saudade,
E o coração que grita ansiedade,
Percebe agora...
Que do amor, nada sei!
O sol ainda brilha...
Mas na alma é madrugada...
Teu infinito de mim está além...
Muito além...
Abraço o mar prá lavar a alma...
E te espero...
Mas você não vem!

Rosário Cavalcante
DOCE DESEJO!

Sua boca me chama... convida,
Perco-me em você!
Molhando meus beijos é néctar dos anjos
Delícia irreal de sonho e prazer!
Sua boca... Molhando meus beijos...
É delírio sem fim!
Parando atrevida nas curvas do corpo,
Ardente fogueira é dona de mim!
Há!... essa boca...
É meu céu, meu inferno,
Febre que consome e desejo...
Aquecendo-me nas frias noites de inverno!
Há!... essa boca,
Ama e maltrata, adoça e me mata...
Molhando meus beijos!

Rosario Cavalcante
ARREPENDIMENTO!

E ali estava... Eu e o desejo,
Brincando de acordar sentimentos...
Adormecidos nos braços do tempo,
Chegavam confusos, com medo de ir!
O amor me chamava...
A voz ardente, repetida,
Transformava mistérios em palavras!
Não fui...
Estagnei diante o desafio;
Ficou o vazio,
Assim feito o rio...
Abrindo vagas em seu leito;
Não ficaram marcas, nem mágoas...
Nem o gosto doce do beijo!
O amor me chamava... Não fui;
Agora, ali estava... Só,
Eu e o desejo!

Rosario Cavalcante
VIAGEM DE VOLTA!

Fascinada segui os cristais...
Sem tocá-los, olhava a distância
Gotas coloridas na janela...
Formavam espirais;
Voltei a infância...
Andei entre os pingos da chuva,
Vi-me adulta, amarguei decepção!
Fui anjo... mulher,
Fui mãe... fui estrela!
Vi a raiva cegar a lembrança,
Molhando a recordação...
Vi o sonho destruído de uma vida
Dar adeus a ilusão!
Vi também você voltando,
Carente, ferido... coração magoado...
Pedaços da alma em desatino.
Vi a força irônica do destino,
E os pingos em espirais sobre a janela...
Nos levar de volta ao passado!

Rosario Cavalcante
GOTAS DE ORVALHO!

Olhei as flores de orvalho molhadas...
Natureza viva, presença de Deus!
Inocência sem barreiras, acalentada...
Nos braços infantis, carinhos meus!
No aconchego o encanto, sorriso criança,
Despida de orgulho, de ódio e rancor,
Abria da alma transparente a porta...
Deixando por ela passar o amor!
E hoje, ali parada, admirando o jardim,
Te vi pequenina...ainda em botão.
Lembrei então que fui na infância...
Um pouco do doce do seu algodão!
Mas... o tempo que passa é algoz e senhor,
E a rosa sangra a mão que a afagou;
Pois é assim que meu coração está agora...
Molhado de orvalho...como aquela flor!

Rosário Cavalcante
MINHA SOMBRA!

Segue-me...
Pois bem sei, será a única,
Que irá comigo, onde quer que vá!
E mesmo não te vendo,
Durante a noite escura,
Saberei por certo, onde te encontrar.
Segue-me...
Que aqui estou apenas de passagem,
E só você, me acompanha nessa estrada,
Todo tempo que vivi, segui sozinha...
E dessa vida quando for, não levo nada!
Segue-me...
Pois tentei te expulsar, não consegui,
És fogueira que me queima e assombra,
És do amor todo ciúme que senti...
Alma gêmea, minha luz, és minha sombra!

Rosario Cavalcante
VOZES DA NOITE!

Ouvi a voz da noite...
Cantar entre as palmeiras,
Abracei a solidão...
Eram lamentos, gritos, assobios,
Fazendo festa na escuridão!
No céu sem nuvens...
Não brilhavam estrelas,
Mas a natureza em prece...
Aquecia a vida,
Num turbilhão de emoção!
Enlevada na beleza, sorri outra vez,
Senti Deus... Vir de mansinho,
E sua mão, tocar a minha mão!
Era a voz da noite...
Cantando entre as palmeiras,
Cicatrizando mágoas antigas,
Libertando assim meu coração!

Rosario Cavalcante
RECANTO DAS EMOÇÕES!

Lindo cenário das mais puras emoções...
Sensível cristal onde brilha o sentimento,
Luz que invade a alma, palco de ilusões
Misto de paz, alegria e lamento!
Bate teu ritmo acelerado e lento...
Cumpre da vida o que te foi marcado,
Não há como fugir, é grande o teu martírio,
Quando sofre por amor, sem nunca ser amado!
Transparente é raio de ternura e humildade...
Do ódio... Acre sabor, lâmina fria da maldade,
Jogando pedras e flores pelo chão...
Bate forte e devagar... É o momento...
Mas só há vida, se bater o coração!

Rosario Cavalcante
DUAS FACES!

Meu amor é assim...
Intenso e louco,
Fiel e cego...
Bandido e ruim,
Sou santa dentro do encanto
Sou fera se zombam de mim!
O meu amor é assim...
Ousado, atrevido,
Tímido e sincero...
Inferno e céu!
Seguro tem sabor de lua...
Ferido tem gosto de fel!
Meu amor é assim...
Tem cheiro de noite e de rua,
De entrega, de sonho, de mel;
Mas não me provoque,
Eu sou o momento....
Feliz... sou pura, sou sua,
Triste serei seu tormento!
Meu amor é assim...
Infinito!
Mas não deixe marcas que doam demais...
Porque sou capaz de te dar minha vida...
Ou simplesmente te roubar a paz!

Rosário Cavalcante