quinta-feira, 12 de agosto de 2010

SEM LIMITES


Vou assumir minha identidade
abrindo as cortinas da emoção,
sem carecer denunciar os meus anseios.
No entanto, queria
calar a voz do esquecimento.
Mas a carga da razão
pesou demais sob meus ombros,
que de tão cansados da espera inútil
não pode mais calar.
Não consigo amar com pedaços
mesmo que em minhas frustações
você tenha existido.
Existiu. E não criei.
Sem fragmentos, sem metades
na concepção palpável
da minha existência.
Mas o deixei partir, sem tentativas
sem ao menos dizer-lhe, "eu te amo".
Foi um embate de incompreensão.
Agora, minha linguagem desbota-se
e a tinta emperra.
Minha angústia é não poder denotar
lucidez nas minhas frases.
Minha alma chora ao denunciar-me:
descaracterizada, culpada,
lânguida, abstrata, impune.

Marlene Gomes

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